Ahmad Schabib Hany
A VIDA TEM URGÊNCIA TAMBÉM NO PANTANAL
Dom, 23 Março de 2025 | Fonte: Ahmad Schabib Hany
Por que a ambulancha do SAMU, a Unidade Básica de Saúde Fluvial, o Hospital Universitário Pantaneiro e o Centro Farmacológico de Fitoterapia da flora nativa são urgentes no Pantanal, onde a vida também tem urgência e importância.
O Papa Francisco, do alto de sua magnanimidade, nos chama à reflexão neste momento em que se recupera de delicado acometimento de saúde, quando Netanyahu volta a empreender impunemente projeto genocida de limpeza étnica — vendido pela mídia corporativa como empreendimento futurístico — em Gaza, os repaginados terroristas-mercenários do ISIS inundam de sangue a Síria, a cobiça dos mercadores ocidentais impõe no Congo mais um etnocídio criminoso e Zelensky & OTAN teimam protelar o cessar-fogo na Ucrânia para atender a interesses da indústria bélica sedenta de sangue, de guerras, de dólares.
Nesse contexto de depreciação da Vida e sublimação da necropolítica, curiosamente temos sido inquiridos por Amigos que dizem não compreender por que a ambulancha do SAMU, a Unidade Básica de Saúde (UBS) Fluvial, o Hospital Universitário na Região do Pantanal Sul (que, além de Corumbá e Ladário, desde 2024 passou a incluir Miranda) e o Centro de Farmacologia e Farmacognosia Fitoterápico à base da flora nativa fazem a diferença entre a Vida e a morte, da sobrevivência das pessoas nesse Pantanalzão de meu Deus.
Em 247 anos de fundação de Corumbá, a população ribeirinha e indígena nunca foi contemplada pelo SUS, que chega aos 35 anos sem ter atendido, em sua rede de serviços, a um só morador ribeirinho ou indígena do maior município do Pantanal, superior em extensão territorial a muitos estados brasileiros e países pelo mundo. Será preciso desenhar? A vida dessas milhares de pessoas humildes, laboriosas e detentoras das culturas identitárias do Pantanal vale menos?
É comum vermos cidadãos no perímetro urbano de Corumbá a reclamar, com todo direito, pela demora, de minutos, do SAMU no atendimento de urgência/emergência. Porém, no Pantanal moradores têm que se sujeitar a uma espera sem tempo previsível, porque não há ambulancha do SAMU (apesar de que, entre 2011 e 2014, o Conselho Municipal de Saúde de Corumbá e o Conselho Estadual de Saúde de MS aprovaram tais iniciativas, mas no período do golpe, isto é, entre 2016 e 2022, com o desmonte do SUS esses projetos acabaram engavetados). Atendimentos realizados pelo “Povo das Águas”, da prefeitura, e pelo “Projeto Navio”, da Marinha, que fazem um importante serviço de utilidade pública, são suplementares, pois não realizados dentro dos moldes do SUS.
Ao contrário do que se tem falado inadvertidamente, o governo federal, por meio do PAC Saúde, está disponibilizando recursos a fundo perdido, sem qualquer contrapartida para o município, e a submissão de projetos como esse conjunto de serviços do SUS tem chances de admissão imediata. Assim como Corumbá conta hoje com 28 médicos pagos diretamente pelo Ministério da Saúde, dessa mesma forma, se a atual gestão municipal tiver sensibilidade política, entrará para a história como a administração municipal que teve o mérito de zerar o “vazio assistencial” do SUS no Pantanal. Trata-se de uma opção inteligente, se assim proceder. Tem até dia 31 de março para entregar o projeto.
Como assim? É o que o projeto “Povo das Águas”, idealizado pela querida e saudosa Heloísa Urt e realizado pelo saudoso Ruiter Cunha de Oliveira em seu primeiro mandato, não é serviço do SUS (Sistema Único de Saúde), como também não é do SUAS (Sistema Único de Assistência Social) e muito menos do SGD (Sistema de Garantia de Direitos). Serviços desses sistemas são executados com recursos financeiros “fundo-a-fundo”, seguindo o devido protocolo e sob controle social preconizado pela Constituição Federal de 1988. Da mesma forma que o “Projeto Navio” não segue o protocolo SUS, embora o Ministério da Saúde faça repasse de verbas para custeio, mas de modo suplementar.
Por isso um conjunto de espaços públicos não governamentais, movimento sindical e popular iniciou mobilização para solicitar dos três entes federativos a inclusão desses equipamentos / serviços do SUS no Pantanal de Corumbá, e que deverá beneficiar também Ladário e Miranda, pois suas populações também integram a Região Pantanal Sul, com mais de 180 mil habitantes, além dos bolivianos de Puerto Quijarro e Puerto Suárez, consideradas por lei federal Cidades-Gêmeas há mais de uma década.
Aliás, não sabemos por que nossa região não esteve representada na apresentação, no encontro com gestores municipais no Palácio do Planalto, de PAC para cidades gêmeas, isto é, fronteiriças, quando foram detalhados os critérios para transformar problemas em soluções. E deixar a velha cantilena “apesar de Corumbá / Ladário fazer fronteira com a Bolívia...” — basta fazer com que as equipes técnicas das municipalidades se capacitem para a elaboração desses projetos e saibam fazer a execução e prestação de contas dos referidos projetos, pois a otimização do dinheiro público é uma obrigação, não um favor do agente público em todas as instâncias.
A campanha de coleta de assinaturas continua na plataforma Google Docs, bem segura, pelo link <https://forms.gle/vNeiaxWXMbbXte5r5>. Assine e peça para que familiares e amigos também o façam. Lembre-se que as populações ribeirinhas e indígenas também têm o direito de serem assistidos pelo SUS. A Vida, nosso bem maior, agradece.
Para concluir, o Papa Francisco fez sábia chamada de consciência a toda a humanidade enquanto se recupera da pneumonia que fragilizou sua saúde nas últimas semanas e sensibilizou em todo o mundo diversas comunidades religiosas e laicas em intensas correntes de preces, como sincera manifestação de apreço pelo Santo Padre. Vida longa e muita saúde ao Papa Francisco. Ele, consciente e ciente da delicadeza deste momento em que, além da população católica, há entre religiosos, como muçulmanos, fazendo jejum pelo mundo no sagrado mês do Ramadan. As populações da Palestina, Síria e norte da África, de maioria islâmica — também com expressiva população cristã (católica e evangélica) —, voltaram a ser martirizadas pelos genocidas, impunes e indiferentes à fé dos que celebram com seu recolhimento sua devoção. Francisco fez, mais uma vez, um importante contraponto à lógica neofundamentalista que rege a ideologia do sionismo de Netanyahu e do histrionismo de Trump, dois discípulos de Nero a jogar o mundo às chamas da cobiça, opressão e medo.
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