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Gregório José

A FILOSOFIA DO DESARME EM PALAVRAS E POSTURAS

Sáb, 30 Novembro de 2024 | Fonte: Gregório José


Em tempos de confrontos verbais e discursos inflamados, há poder na palavra assertiva e no pensamento bem fundamentado. Um debatedor que prima pela lógica e pela clareza de ideias sabe que o confronto direto nem sempre é o caminho mais eficaz. Reconhecer a visão do outro, sem ceder em suas convicções, é a postura de quem domina a arte do diálogo construtivo.

"Entendo seu ponto de vista, mas discordo."
Ouvir é um gesto de inteligência. Admitir que o outro tem um ponto de vista válido não enfraquece uma ideia; pelo contrário, reforça a convicção ao demonstrar que ela resiste ao diálogo. Discordar não precisa ser um ato de ruptura, mas de afirmação serena.

"Vou considerar sua opinião, obrigado por compartilhar."
Agradecer não é sinal de fraqueza, mas de confiança. Ao valorizar o que lhe é apresentado, o interlocutor desarma a hostilidade e mantém a superioridade do raciocínio. Nem toda crítica deve ser rebatida de imediato, pois a reflexão cuidadosa sobre os argumentos alheios enriquece qualquer resposta.

"Não preciso concordar com você para respeitar sua perspectiva."
Respeito não exige concordância, mas reconhecimento do direito alheio à divergência. Este é o fundamento do diálogo democrático. A civilização avança quando opiniões opostas coexistem, alimentando o progresso sem sufocar ideias.

"Vou focar no que é produtivo para a nossa conversa."
A retórica vazia é o refúgio de quem carece de propostas. Reorientar a discussão para o que é prático e possível demonstra compromisso com resultados. Afinal, o objetivo de qualquer debate não é vencer, mas construir.

"Estou aqui para encontrar soluções, não para discutir."
O foco na solução é o antídoto contra as distrações de um confronto emocional. Quem se preocupa mais em resolver problemas do que em ter razão demonstra liderança. Esse é o espírito de quem age pensando no coletivo, não no ego.

"Acho que estamos vendo as coisas de ângulos diferentes."
Nem todo desacordo é oposição; muitas vezes, é apenas uma questão de perspectiva. Reconhecer isso é um ato de humildade intelectual e abre caminho para o entendimento.

"Vamos tentar entender o ponto de vista um do outro."
Empatia é uma ferramenta poderosa, mas subestimada. Convidar alguém a expor sua visão e ouvir com atenção é o que diferencia o simples debatedor do verdadeiro estadista.

"Posso ver que isso é importante para você."
Reconhecer a paixão ou a preocupação do outro valida sua humanidade e abre espaço para uma conversa mais equilibrada. Somente quando o interlocutor se sente ouvido, ele também se dispõe a ouvir.

"Vou precisar de um momento para refletir sobre isso."
Respostas impulsivas são armas perigosas. Quem reflete antes de responder demonstra não apenas autocontrole, mas também profundo respeito pelo tema em questão. Ponderação é a marca de quem prioriza a razão.

"Vamos voltar a esse assunto mais tarde."
Saber quando recuar é uma virtude. Não é fugir, mas adiar para que a temperatura baixe e a clareza prevaleça. Às vezes, o silêncio estratégico resolve o que mil palavras não seriam capazes de explicar.

Adotar essas posturas não é uma questão de estratégia, mas de caráter. Elas refletem um compromisso com a verdade, com o respeito mútuo e com o progresso do diálogo. Quem pensa dessa forma entende que as ideias não precisam de força para prevalecer, mas de clareza, propósito e, acima de tudo, respeito ao processo humano de construção coletiva.

Correio de Corumbá

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