Gregório José
A SAÚDE MENTAL NA ERA DO CONSUMO PRECISA DE “EQUILÍBRIO”
Ter, 04 Março de 2025 | Fonte: Gregório José
Por séculos, o ser humano enfrentou desafios diários para garantir sua sobrevivência e o sustento da família. A preocupação com as finanças sempre existiu, mas havia um entendimento implícito de que a vida era feita de ciclos, de momentos de escassez e abundância, e que o trabalho árduo era o caminho para uma vida digna. Contudo, algo mudou nas últimas décadas.
A sociedade do século XXI impôs um novo tipo de sofrimento: a pressão da comparação incessante. As redes sociais transformaram-se em vitrines de vidas aparentemente perfeitas, gerando uma onda de insatisfação crônica entre aqueles que, ao compararem suas rotinas simples com o luxo ostentado por influenciadores e personalidades midiáticas, sentem-se diminuídos. Esse fenômeno é particularmente cruel para as novas gerações, que crescem imersas em uma realidade digital onde a felicidade parece estar sempre atrelada ao consumo e à validação externa.
O desejo de conquistar bens materiais não é uma novidade. No entanto, a necessidade de exibi-los, como se fossem um atestado de sucesso, tornou-se uma obsessão moderna. O que antes era uma conquista pessoal e familiar, agora precisa ser compartilhado e aprovado por um público invisível. Se não há engajamento, curtidas e comentários, a sensação de vazio se instala. A autoestima, que deveria ser construída sobre bases sólidas de valores, esforço e crescimento individual, torna-se refém de algoritmos e padrões inalcançáveis.
Esse ciclo vicioso tem consequências diretas na saúde mental e emocional. O trabalhador comum, que sempre lutou para garantir sua estabilidade financeira e o bem-estar da família, vê-se agora pressionado por um modelo de felicidade irreal. O endividamento, muitas vezes impulsionado pelo desejo de alcançar esse padrão artificial de vida, se transforma em uma fonte de ansiedade e depressão. A frustração de não conseguir manter um estilo de vida semelhante ao que se vê nas redes sociais gera um sentimento de fracasso que, em muitos casos, pode levar ao esgotamento emocional.
Antes, a resiliência era uma virtude essencial para enfrentar dificuldades financeiras e profissionais. Hoje, o discurso dominante sobre saúde mental, embora necessário, muitas vezes ignora a raiz do problema. O excesso de informações e a cultura do imediatismo fazem com que muitos busquem soluções rápidas para questões que, na verdade, exigem um processo de autoconhecimento, paciência e disciplina. Não há receita mágica para alcançar equilíbrio financeiro e emocional; é preciso compreender que o sucesso não está apenas na acumulação de bens, mas na capacidade de encontrar contentamento na trajetória e não apenas no destino final.
O verdadeiro desafio contemporâneo não está apenas em ganhar dinheiro, mas em aprender a lidar com a pressão social de gastar para parecer bem-sucedido. O equilíbrio entre saúde emocional e estabilidade financeira depende da capacidade de cada indivíduo de estabelecer limites, valorizar o que realmente importa e entender que a vida não é uma corrida para provar algo a terceiros. A felicidade genuína nunca será encontrada em comparações superficiais, mas no profundo entendimento de que cada pessoa tem um caminho único e legítimo para trilhar.
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