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Gregório José

O VAREJO BRASILEIRO E O JOGO DA PACIÊNCIA

Dom, 16 Março de 2025 | Fonte: Gregório José


Se tem uma coisa que o brasileiro aprendeu a cultivar ao longo das últimas décadas é a paciência. E o varejo nacional parece seguir pelo mesmo caminho. Fevereiro trouxe números que reforçam um movimento já esperado: desaceleração. O Índice do Varejo Stone (IVS) apontou uma retração de 0,9% no mês, puxado por uma queda de 1,6% no varejo físico. A exceção, como vem acontecendo nos últimos anos, é o comércio online, que registrou uma leve alta de 0,4%. Pequena, mas suficiente para mostrar que o consumidor quer facilidade e preço, e o digital ainda é o caminho mais curto para isso.

O cenário não surpreende. O mercado de trabalho, embora ainda aquecido, começou a mostrar sinais de fraqueza. A taxa de desemprego subiu para 6,5% em janeiro, segundo a PNAD, e a criação de empregos formais perdeu fôlego. O que isso significa? Menos dinheiro circulando e mais gente pisando no freio na hora de gastar. Soma-se a isso a inflação dos alimentos, que insiste em pesar na conta do supermercado, e o resultado é um consumidor que prioriza o essencial e adia o supérfluo.

Os números não mentem

Se a fotografia geral do varejo não é das mais animadoras, alguns setores ainda tentam remar contra a maré. Móveis e eletrodomésticos, por exemplo, tiveram uma leve alta de 0,2% em fevereiro. Mas, sejamos francos: isso não significa recuperação. O setor continua no mesmo nível do final do ano passado, mostrando que o brasileiro ainda está cauteloso na hora de investir em itens duráveis.

Já na análise por estado, Pernambuco liderou o crescimento, com alta de 1,8%, seguido por Roraima (1,6%) e Amazonas (1,1%). Do outro lado da moeda, Mato Grosso do Sul despencou 8,4%, sendo o maior tombo registrado no mês. Uma oscilação que reflete não apenas as dificuldades econômicas locais, mas também o descompasso entre as regiões do país.

O que fazer? Reinventar-se

Se há uma lição para o empreendedor diante desse cenário, é que a zona de conforto não é mais uma opção. O consumidor mudou, e o varejo precisa acompanhar. Estratégias personalizadas, campanhas assertivas e um atendimento omnichannel são mais do que recomendações – são condições para a sobrevivência no jogo do mercado.

A boa notícia? O digital se consolida cada vez mais como um terreno fértil. Quem souber investir na experiência do cliente, integrar bem os canais de venda e oferecer condições atrativas pode ter um diferencial competitivo importante. Não basta apenas estar presente no e-commerce. É preciso oferecer praticidade, preços justos e uma experiência de compra fluida.

O varejo brasileiro segue testando a paciência de quem compra e de quem vende. E, no fim das contas, vence quem souber jogar melhor com o tempo e as oportunidades.

Correio de Corumbá

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