Rosildo Barcellos
IMPROVISO GUAICURU!
Seg, 08 Maio de 2023 | Fonte: Rosildo Barcellos
Neste momento, onde o ser humano caminha lentamente
passo a passo, a poesia é a mulher que anda devagar durante a tarde.
Faz entender o que os outros não vêem. O seu quarto é o mundo e a roupa que a veste; pequenos pensamentos.
O poeta não reflete apenas, ele troca a roupa das palavras.
E essa brincadeiras de palavras e de sonhos, de memórias,
de pequenos aeroportos, faz com que as pessoas não partam; nem cheguem... apenas vislumbrem a essência de ser.
Pode-se dizer que o homenageado desta semana é considerado um dos maiores poetas da nova geração do Mato Grosso do Sul. Repentista brilhante, contribuiu com o recorde poético de Guimarães Rocha e prefaciou o livro “Cidades que eu amo”. Sua poesia também esteve presente no nostálgico e emocionante cenário, da reativação do trem do pantanal, estrofeando a volta de alguém que se foi, sem dizer uma palavra. Naquele dia, do ponto de vista das multidões, o que se via era um trem apitando, com os passageiros na janela, e o poeta Ruberval Cunha, tocando um berrante,com a lua cheia, iluminando os trilhos do trem e os corações.
Assim ele vai criando seus “repentes performáticos” como ele diz e posteriormente denominado “Improviso Guaicuru” pelo membro da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, Rubênio Marcelo. Não posso esquecer de comentar que o termo “Guaicuru”, região aonde desenvolvo parte de minhas atividades laborativas era vernáculo muito lembrado pelo meu amigo e Professor de História Regional, Henrique Spengler (comentarei sobre sua pintura em outra oportunidade). Na época trabalhávamos juntos e tentávamos moldar as ideias do Movimento Cultural Guaicuru. Aliás,muito me orgulho de ter sido professor do incomparável poeta que a nossa coluna traz hoje em comento.
Conta a lenda, que a sua primeira vez em apresentação, foi em uma escola com jovens estudantes e pessoas da comunidade, ladeado ao “ Repentista do Oeste” e seus primeiros versos de improviso foram: ” Contra este homem não há revide/ contra ele não há solução/ o primeiro nome é Rachid/ e o segundo é Salomão. O desafiado retrucou: trouxe aqui comigo / um cara muito legal/ apresento meu amigo/ o nome dele é Ruberval. A sequência a ser ouvida foram os primeiros dos milhares de aplausos que as mãos das pessoas maravilhadas com suas apresentações se uniram para realizar; e que certamente ainda o farão por muitos e muitos anos. Por derradeiro, posso apenas dizer, que sua voz e seu talento estiveram presentes muitas vezes em minha vida. Até pela coincidência de bebemorarmos aniversários no mesmo fim de semana. Mas o mais importante, foi ele ter demonstrado sua amizade nos momentos difíceis que passei em minha existência e que me fizeram de professor a aprendiz e de orientador a consolado. Foi deste dia que extrai o trecho de improviso supramencionado. Foras as palavras que ele proferiu no velório do meu pai. Aliás o velório foi mesmo um evento cultural de despedida ao grande seresteiro de Ladário. Muita música, poesia e abraços, do jeito que ele viveu sua vida!
Por derradeiro, nobilíssimo e preclaro poeta Ruberval Cunha. Fui seu professor apresentando-lhe os Hipérbatos, os Polissíndetos, a Sinestesia, e o Quiasmo. Mas vejo que não é sem tempo de ensinar-me a melhor forma de viver nesta selva de pedra, neste mar de problemas e obstáculos que estamos por existir, submetidos. Que sua poesia nos ensine a transpor estes óbices, encarar de gente a ingratidão das pessoas com a palmilha vernacular exposto a uma antonomásia que vem de sua inspiração divina.
*O articulista Rosildo Barcellos empresta seu nome para o Oscar Pantaneiro 2023 que realizear-se-á em dezembro na nossa Cidade Branca.
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