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Caio Bruno

ELEIÇÃO PRESIDENCIAL: UM ANO DEPOIS

Seg, 30 Outubro de 2023 | Fonte: Caio Bruno


Às 19h56 do dia 30/10/2022, um domingo, com 98,91% das urnas apuradas o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) proclamou matematicamente a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa à Presidência da República. No total, o petista conquistou seu terceiro mandato com 50,90% (60.345.999 votos) contra 49,10% (58.206.354 votos) do então presidente Jair Bolsonaro (PL) que foi o primeiro titular do cargo a não conseguir a reeleição. Encerrava-se então a disputa mais acirrada de nossa história. Se encerrava mesmo? Sim e não.

Alimentados com teorias conspiradoras sobre o processo eleitoral durante os 4 anos de seu governo, assim que os resultados foram proclamados os apoiadores de Jair Bolsonaro saíram as ruas não aceitando a derrota do ex-militar. Em um primeiro momento, bloquearam rodovias Brasil afora com o objetivo de provocar uma crise de abastecimento. A estratégia foi mudada poucos dias depois quando o próprio presidente pediu para que seus adoradores abortassem a ideia. A tática foi alterada e passaram a acampar em frente a quartéis do Exército pedindo intervenção e outras ideias fora da Constituição.

A medida que a posse de Lula ia se aproximando, a temperatura subia com protestos violentos no dia de sua diplomação pelo TSE (em 12 de dezembro) e tentativa fracassada de atentado contra o aeroporto de Brasília em plena véspera de Natal. O auge da escalada foi já nos primeiros dias de gestão lulista, em 8 de janeiro, com o ataque a Brasília por parte de bolsonaristas que culminaram com a depredação da sede dos 3 Poderes.

Não houve transição governamental adequada e encontro entre o presidente que saía e o que retornava. Bolsonaro, aliás, não reconheceu explicitamente a derrota até hoje e foi para os EUA antes de encerrar seu mandato para não cumprir o rito democrático de transmissão do cargo.

Investigações continuam sendo feitas sobre os atos antidemocráticos, prisões foram efetuadas e a temperatura continua acima do normal em um país ainda fraturado. Lula vira e mexe cita seu antecessor em seus discursos e vice-versa. Bolsonaro, aliás, está inelegível desde junho, é investigado em diversos inquéritos, mas continua com boa popularidade. Muitos desses, aliás, acreditam até hoje que a eleição foi fraudada.

É natural que os ânimos fiquem exaltados em períodos de disputa e em uma eleição não é diferente, mas é lógico também que, com o tempo, a realidade se imponha e que vencedores e vencidos lidem com suas responsabilidades. Fechando cicatrizes e com olhos para o futuro. Seja o do Brasil ou o da próxima eleição.

Correio de Corumbá

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