Dilson Fonseca
NOS TRILHOS DA VIDA: O FERROVIÁRIO
Dom, 19 Março de 2023 | Fonte: Dilson Fonseca
A atividade ferroviária ao longo dos anos foi fundamental para o desenvolvimento econômico de diversas regiões do mundo, pois a ferrovia tem até os dias atuais sido o meio de transporte que tem o melhor custo/benefício. Mas a ferrovia não é só ferro ela sempre teve um grupo de pessoas que além de trabalhadores eram apaixonados por essa vida, ou seja, os verdadeiros ferroviários que deram muitas vezes a vida por esse meio de transporte de pessoas e carga.
Hoje em Corumbá a todo o instante ouvimos falar sobre onça daqui onça de lá, mas os mestres de linha, os feitores, os maquinistas e muitos outros trabalhadores da linha férrea conviveram diretamente não só com onças, mas cobras, jacarés, enfim toda a fauna pantaneira, pois a ferrovia corta o pantanal sul-mato-grossense. Pois em Albuquerque, Carandazal, Porto Esperança, Posto 1250, as onças rodeavam diariamente esses locais. Ainda dias desses conversando com um ferroviário aposentado o senhor Paulo Ayala de Paula que me disse que até alguns dias atrás deparou com uma onça parda em Albuquerque.
A ferrovia só se tornou um meio de transporte de pessoas e cargas de muita confiança graças aos ferroviários, logicamente temos muitos exemplos de homens que se dedicaram a linha férrea, pra homenagear os verdadeiros ferroviários podemos citar os senhores: Militão da Fonseca Moraes, Delso Lourenço da Fonseca, Paulo Ayala de Paula, Claudionor Alves de Arruda, Sebastião Brandão, Natanael de Matos, Ovídio, Celestino Pinto da Victória e muitos outros que no momento me fogem a memória que viveram 24 horas por dia a ferrovia. Todo o progresso e humanização do setor foi possível devido a envolvimento e determinação de pessoas, que acreditam e continuam acreditando na ferrovia.
Quando se fala em ferroviários, fala-se de peças importantes na História, pois para ser ferroviário, deve haver comprometimento, aperfeiçoamento e vocação. O amor pela ferrovia já está presente no DNA. Quem morou por muitos anos nas chamadas “turmas” que são as casas existentes ao longo da linha férrea, regiões totalmente isoladas. Onde todos os dias a grande atração era sem dúvida nenhuma ver o imenso trem passageiro diurno e noturno e alguns lugares vender laranja, limão, peixe, milho verde, enfim muitos filhos e netos de ferroviários que moravam nas “turmas” ganhavam a vida vendendo produtos para os passageiros, na hora que o trem parava nas estações.
Um dos ferroviários que passava o dia na linha eram os rondas que tinham que a todo instante olhar se tinha algo na linha, pois via o passageiro o trem de carga e não podia ter nenhum empecilho nos trilhos e é nessa hora que muitas vezes se deparavam com os animais do pantanal e o mesmo deveria ser acima de tudo uma pessoa que estava cuidando não só da sua vida, mas na vida de dezenas de pessoas que vinham nos trens de passageiros.
Outro seguimento da ferrovia eram os feitores que trabalhavam diariamente na manutenção dos trilhos juntamente com os trabalhadores, conhecidos popularmente como “tatu” e se o trilho estava bem essa equipe estava de parabéns. Todo esse processo era comandado pelo Mestre de linha que orientava toda a ação do feitor e que nos sábados se encontravam para em conjunto fazer o relatório da semana passada e o planejamento para a semana seguinte.
O grande chofer do trem é chamado de maquinista que tinha dois membros presentes na sua função, o auxiliar de maquinista e o manobrador, eram eles que mantinham todo o alinhamento e o posicionamento de uma composição de trem. A equipe era grande tinha mecânicos, engenheiros, ou seja, o pessoal da tração, do tráfego e da estação, esses três seguimentos mantinham a ferrovia ativa.
Tomei coragem e mesmo depois de muitos e muitos anos do falecimento do meu pai o ferroviário “mestre de linha” Delso Lourenço da Fonseca, peguei alguns manuscritos dele e achei muita preciosidade, pois meu pai era acima de tudo um escritor, tudo que acontecia na sua vida ele apontava, tanto no trabalho quanto na família. E para encerrar a nossa conversa semanal vou descrever um fato que meu pai registrou:”! O dia 23 de Setembro de 1963 ingressei na Estrada de Ferro NOB, trabalhando como portador de estação de Corumbá, ficando nessa função até 01 de setembro de 1966. Depois no dia 15 de abril de 1967 passei a exercer a função de Auxiliar de estação, onde para permanecer fui obrigado a participar de um concurso, onde não fui aprovado, pois não tinha conhecimento em telégrafo e esse dia foi um dos mais tristes da minha vida, pois como sustentaria a minha família?”. Ser ferroviário é amar a estrada de ferro é amar o que faz. E hoje em dia falta comprometimento em muitos setores vida e muitas vezes se deixa se levar por tão pouco e que num piscar de olhos se perde tudo, tudo mesmo.
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