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Gregório José

VEM AÍ TAXAÇÃO SOBRE O “PUM” DO GADO

Qui, 11 Julho de 2024 | Fonte: Gregório José


Senhoras e senhores, preparem seus narizes e carteiras, pois a Dinamarca acaba de anunciar a medida mais aromática e inovadora do século: um imposto sobre o arroto e o pum do gado. Sim, você não leu errado. Estamos falando da flatulência bovina e suína sendo finalmente responsabilizada por suas contribuições malcheirosas ao aquecimento global. Afinal, metano é metano, não importa de onde venha, e CH4 não engana ninguém.

Em um movimento digno de aplausos — ou gargalhadas, dependendo de como você encara a notícia — a Dinamarca pretende neutralizar as emissões de poluentes até 2045. E o caminho escolhido é tributar as emanações gasosas dos nossos amigos ruminantes e suínos. A partir de 2030, os pecuaristas dinamarqueses vão pagar 300 coroas (aproximadamente R$ 239) por tonelada de CO2 equivalente emitida pelos seus animais. Se o metano de uma vaca já não era o suficiente para dar dor de cabeça, imagine agora com a conta chegando.

Só fico preocupado em saber como é que eles vão fiscalizar quando o animal soltou de “pum” durante o dia ou se será por demonstrativo (estimativa), assim como fazem com diversas pesquisas eleitorais.

E como não poderia faltar, o valor aumentará para 750 coroas (cerca de R$ 554) em 2035. Esse ajuste progressivo deve garantir que cada flatulência seja monetizada com precisão suíça, ou melhor, dinamarquesa. O acordo, alcançado entre governo, oposição, pecuaristas, indústria e sindicatos, mostra que a união faz a força — ou, no caso, faz o imposto.
É claro que o Parlamento dinamarquês, sempre tão virtuoso em questões climáticas, ainda precisa dar seu aval. Mas não sejamos céticos: se há algo que une as diversas facções políticas, é a vontade de enfiar a mão no bolso alheio, ou melhor, no estômago dos animais.

Christian Fromberg, do Greenpeace, vê isso como um sopro de esperança (talvez um sopro malcheiroso, mas ainda assim esperança). Ele lamenta que a taxa não seja mais alta e não tenha sido aplicada antes, mas celebra o progresso. Ah, Christian, não seja modesto! Vamos celebrar essa medida tão cheirosa quanto um campo de flores — ou um pasto de gado.
Por isso meus caros leitores, preparem-se para um futuro onde até os gases bovinos serão tributados. Quem sabe o Brasil não adote algo parecido? Afinal, não seria a primeira vez que nossos governantes importam ideias inovadoras e as aplicam com um toque de genialidade tropical. Enquanto isso, vamos torcer para que o vento esteja sempre a nosso favor.

Correio de Corumbá

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