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Cultura

Ao entardecer no rio Paraguai, apresentação emocionou o público e abriu a programação teatral do Festival América do Sul

Espetáculo solo protagonizado por Rogério Bandeira trouxe poesia e afeto para plateia atenta.

Sex, 16 Maio de 2025 | Fonte: ASCOM/FAS 2025


Ao entardecer no rio Paraguai, apresentação emocionou o público e abriu a programação teatral do Festival América do Sul
Fotos Marithê do Céu – ASCOM/FAS 2025

O entardecer às margens do rio Paraguai, em Corumbá, foi cenário para a estreia da programação teatral do Festival América do Sul 2025, nesta quinta-feira (15). Na Areninha do Porto Geral, o espetáculo “Hamlet: 16×8”, protagonizado por Rogério Bandeira e dirigido por Marco Antonio Rodrigues, deu o pontapé inicial às atrações cênicas com uma apresentação intensa, sensível e marcada pela proximidade com o público.

Inspirada no livro ‘Hamlet e o Filho do Padeiro: Memórias Imaginadas’, de Augusto Boal, a peça é um monólogo que costura a trajetória do dramaturgo com memórias pessoais do ator. No palco, ou melhor, na Areninha, Bandeira construiu e desconstruiu identidades, misturou episódios da infância e juventude com reflexões e mergulhou em afetos familiares enquanto transitava entre Boal, Hamlet, um padre nordestino e ele mesmo. A costura foi densa, por vezes poética, e o tempo todo convidou o público a questionar: quem está falando agora?

Mesmo diante de desafios como o calor, os sons cotidianos do Porto Geral e a dispersão que um espaço aberto naturalmente impõe, a conexão foi intensa. “Hoje foi uma experiência surpreendente. Vi olhares muito atentos. Mesmo com 30 anos de carreira, foi um desafio que me atravessou”, contou Rogério Bandeira, emocionado após o espetáculo. Para ele, adaptar a peça para aquele ambiente foi mais do que uma escolha técnica, foi um ato de amor e resistência. “Se alcançar um coração, minha função está cumprida”, afirmou.

Na plateia, a contadora Nilma Nantes era uma das muitas pessoas visivelmente tocadas pela apresentação. “Eu nunca tinha assistido a essa peça, e estou encantada. Achei linda, profunda, diferente de tudo que já vi. Fiquei muito emocionada”, contou. Moradora de Corumbá e frequentadora fiel do Festival, ela destacou a importância do evento para a cidade: “Sou fã do Festival. É uma oportunidade que a gente não tem no dia a dia aqui. A gente sai andando pelas ruas durante os dias do festival e encontra arte, cultura, coisas incríveis que normalmente não chegam pra gente. Isso é o que faz tudo valer a pena.”

A fala da espectadora ecoa a própria proposta da peça: a cultura como ferramenta de transformação, como faísca que acende luzes em tempos de escuridão. “A cultura é luz. É o que nos resta para resistir ao que está acontecendo no mundo”, diz Bandeira. E completa: “Quando o Festival América do Sul promove esse tipo de encontro, luta para manter esse movimento vivo, ele está fazendo muito mais do que programação cultural. Está iluminando pessoas.”

Ao entardecer no rio Paraguai, apresentação emocionou o público e abriu a programação teatral do Festival América do Sul

“Hamlet: 16×8” estreou durante a pandemia em formato online e foi pensado para caber nas limitações daquele tempo. O nome da peça, inclusive, faz referência às proporções da tela de um celular. Mas em Corumbá, a obra se expandiu: ocupou a paisagem, atravessou o pôr do sol, envolveu a plateia e abriu o Festival com a potência de quem entende que arte é, antes de tudo, encontro.

O Festival América do Sul acontece até o dia 18 de maio, com uma vasta programação cultural. Confira as atrações aqui: https://mscultural.ms.gov.br/festival/festival-america-do-sul/

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