Cultura
Oficina durante a Mostra Boca de Cena oportuniza troca de experiências entre trabalhadores do teatro
A oficina propõe ao ator/atriz pesquisar-se e descobrir-se expressivo, capaz de, com corpo, gesto e voz realizar um potencializador encontro teatral com o público.
Qui, 30 Março de 2023 | Fonte: Karina Lima/Assessoria FCMS
A Mostra Boca de Cena 2023, Semana de Teatro e Circo de Mato Grosso do Sul, também contribui no processo de formação e desenvolvimento dos atores e trabalhadores do teatro, além de contribuir para a troca de experiências entre pessoas da área. Uma dessas ações de formação e troca de experiências aconteceu na manhã desta quinta-feira, 30 de março, na sede da Estação Cultural Teatro do Mundo: a oficina “A construção de espetáculo solo”, ministrada por Vinícius Piedade, de São Paulo, atraiu pessoas de diversas áreas culturais.
A oficina teve por objetivo propor ao ator/atriz pesquisar-se e descobrir-se expressivo, capaz de, com corpo, gesto e voz realizar um potencializador encontro teatral com o público e iniciar um processo de autoinvestigação visando à criação/construção de espetáculo solo.
A produtora cultural da Cia Teatral Corpo Cênico, de Nova Andradina, Juliana Zampieri, veio atrás de conhecer experiências de outras pessoas na área do teatro. “Nós temos buscado movimentar essa arte do teatro lá em Nova Andradina, temos nos colocar e levando a relevância disso. Quando a gente vem a Campo Grande e consegue ter essa troca com o pessoal daqui a gente consegue sair mais forte, com mais energia para continuar buscando lá. Nós estamos desde 2016 com o trabalho nosso circulando em alguns festivais e mostras, e agora a gente parou a produção e veio se abastecer para conseguir voltar para lá e trabalhar”.
Juliana já participou em algumas edições do Boca de Cena e ela, que vem do interior, a troca de informações com outros grupos que a Mostra proporciona é o que dá a sensação de proximidade e a fortalece para continuar o trabalho no município onde mora. “Para nós essa troca é absurdamente importante porque a gente está longe da Capital, a gente está sem acesso a formações como essa. E a troca de vivência com os grupos, a gente conhece muita gente aqui justamente por conta do Boca de Cena, fizemos amizade, temos troca com outros grupos e a informação chega nessa troca com os outros grupos. A gente tem recebido muito suporte do pessoal daqui da capital. Se a gente não busca essa troca parece que Campo Grande fica cada vez mais longe do interior. Num encontro como o Boca de Cena, em mostras e festivais, é cheio de encontros e reencontros, porque a gente já tem acompanhado algumas edições, parece que nos aproxima da Capital. A gente percebe que a luta do pessoal da classe artística daqui de Campo Grande não é tão diferente assim da que a gente vive no interior, e daí quebra um pouco dessa distância, a gente consegue se sentir mais próximo e mais fortalecido”.
A produtora cultural de Nova Andradina ainda não conhecia o trabalho do Vinícius Piedade, a oficina foi uma oportunidade para fazê-lo. “Achei sensacional o trabalho dele. Para mim, que não sou atriz, é um lugar estranho de se descobrir dentro desse espaço, mas você realmente se descobre, você descobre coisas e lugares que não percebia em você. Acho essa troca muito rica, acho sensacionais as oportunidades. Mesmo não trabalhando como atriz, estar junto é muito importante porque acrescenta na minha vida como pessoa, independente de qual seja meu lugar nas artes”.
A professora de teatro para crianças na Companhia Teatro do Mundo, Vivi Amaral, explica que sua história com o teatro começou quando ela fez o curso de Pedagogia, que tem um módulo de teatro. “Quando eu vim morar em Campo Grande, há dois anos, procurei uma Companhia para fazer aula e estou aqui desde 2021. Depois que me formei no curso de teatro aqui, e quando abriu o espaço da Estação Cultural ele me chamou para dar aula para as crianças, por eu ser pedagoga. Vim da cidade de Bauru, em São Paulo, e lá eu fazia teatro com as crianças na escola. O teatro começou como uma terapia, para eu conseguir expressar meus sentimentos. Na sala de aula para mim era tranquilo, mas na vida às vezes eu tinha alguma dificuldade em me expressar. É a primeira vez que participo do Boca de Cena, estou fazendo a oficina para me aperfeiçoar como professora e como atriz. Eu tenho assistido às peças do Boca de Cena, eu amo, levo minha filha, a gente curte e depois conversa sobre”.
O ministrante da oficina, Vinícius Piedade (SP), é dos artistas de teatro brasileiros que mais se apresenta pelo mundo com seus espetáculos, tendo se apresentado em mais de dezoito países de cinco continentes. Iniciada no ano 2000, a pesquisa realizada por Vinicius Piedade se caracteriza por concentrar discussões sobre a condição do sujeito contemporâneo e a investigação de assuntos pertinentes a todos, como a identidade, a liberdade e mesmo o viver em sociedade. Graças às pesquisas sobre o corpo do ator e da narrativa na concepção de espetáculos solo, Piedade tem sido convidado a representar o Brasil participando de Festivais de Teatro no mundo todo para, além dos espetáculos, oferecer workshops e cursos de formação e divulgação de seus processos artísticos.
“É minha primeira vez em Campo Grande. Há muito tempo eu venho tentando trazer os meus espetáculos para cá, minha oficina, estou muito feliz. Eu tenho viajado o Brasil inteiro, quase todas as capitais do País, e faltava Campo Grande na minha vida. E está sendo muito importante, porque pode realizar dois espetáculos é uma verdadeira mostra de repertório. Apresentei Hamlet Cancelado! na abertura, Provavelmente Saramago, no segundo dia, e agora realizando também a oficina A construção de espetáculo solo. Então está sendo maravilhoso participar do Boca de Cena, que eu sei que é uma mostra de vários anos, histórica”.
Para Vinícius, uma oficina é sempre uma oportunidade de troca. “Eu sinto que está acontecendo isso com muita intensidade. Tem pessoas com diferentes experiências, pessoas que já são do meio teatral, pessoas que nunca tiveram experiência, mas todas se jogando nos experimentos que partem um pouco da minha própria investigação, recursos que eu uso, técnicas na construção dos meus espetáculos. Está sendo interessante perceber como isso bate diferente em cada um e como isso é potente. Eu acho que o teatro é uma arte tão popular, uma arte de todo mundo, tem que ser cada vez mais acessível. Então essa oportunidade da oficina é uma oportunidade de compartilhamento de experiências. Está sendo precioso”.
A Mostra Boca de Cena 2023 – Semana de Teatro e Circo de Mato Grosso do Sul vai até sábado, 1º de abril, é aberta ao público e com entrada franca! Confira a programação completa em: www.fundacaodecultura.ms.gov.br/bocadecena
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