Geral
Pesquisa aponta que 56% das mulheres em situação de cárcere são chefes de seus lares
Elas cometeram crimes para sustentar filhas e filhos, aponta Defensoria de MS.
Ter, 21 Março de 2023 | Fonte: Danielle Valentim/Assessoria

A Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul, por meio do Núcleo de Atendimento e Defesa à Mulher (Nudem) e Coordenadoria de Pesquisas e Estudos (CPES), apresenta com exclusividade a pesquisa "Diagnóstico com perspectiva de gênero e atendimento pelo Nudem das mulheres privadas de liberdade", realizada com mulheres presas no Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi”.
Das 230 mulheres entrevistadas pelo projeto, 89,57% são mães; 56,11% delas são responsáveis pelo sustento material de filhas e filhos; e, 41,74% indicaram a necessidade financeira como motivação para o cometimento dos crimes.
O estudo seguiu de maio a setembro de 2022, quando o estabelecimento registrava 314 mulheres encarceradas. Ao longo do período, um total de 230 mulheres responderam à pesquisa, representando mais de 70% do número total de mulheres em situação de cárcere.
Conforme a coordenadora do Nudem, defensora pública Thais Dominato, o material é embasado no fato de que a expansão do aparato prisional se tornou a forma principal de punição e que o número de mulheres encarceradas tem aumentado significativamente no Brasil nas últimas décadas.
"Neste viés, o estudo reitera que a referida medida punitiva traz em seu arcabouço princípios orientados pelo machismo que, por sua vez, prejudica as mulheres que têm demandas e necessidades diferentes daquelas do grupo masculino. A condição dessas mulheres privadas de liberdade, explicitamente negligenciadas, oprimidas e excluídas dentro do sistema prisional, que justifica a análise do encarceramento feminino. A proposta é compreendê-lo para que seja possível realizar ações diferenciadas que prezem pela não violência de gênero", pontua a coordenadora.
O pesquisador e sociólogo Raphael de Almeida Silva explica que os dados coletados, além de propiciarem a construção de um perfil sólido dessas mulheres, também possibilitaram o levantamento de informações que, muitas vezes, não são apuradas. "Foi possível realizar cruzamentos diversos entre os dados das mulheres encarceradas no Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi”". Essa intersecção, por vezes, revela semelhanças com o cenário nacional e consolida dados oficiais e pesquisas diversas", completa.
FAIXA ETÁRIA
A faixa etária das participantes da pesquisa também acompanha a média nacional, sendo composta em sua maioria por jovens. Verificou-se que as mulheres presas têm entre 18 e 58 anos, sendo que a maioria é de mulheres jovens entre 18 e 29 anos, representando ao todo 39%. Mulheres entre 35 e 45 anos somam 36%.
MULHERES PRETAS
Do total de entrevistadas, 76,09% declararam-se negras (pretas e pardas), o que também se enquadra na proporção similar à média nacional. Declararam-se brancas, 20,43%; e amarela, 0,43%, apenas 1 pessoa. Foram verificadas, ainda, pessoas autoidentificadas como indígenas, correspondendo à 3,04%; sendo que 4 informaram não saber a etnia, 1 identificou-se como Guató, 1 Terena e 1 Tupi Guarani.
ESCOLARIDADE
Em relação à escolaridade, os dados encontrados também acompanham a média nacional com a maioria possuindo baixa escolaridade. Isso fica exposto, especialmente, na informação de que 51,30% das entrevistadas possuem ensino fundamental incompleto.
Além disso, 77,82% das mulheres não chegaram a concluir o ensino médio, estando nos grupos de não alfabetizadas, ensino fundamental incompleto, ensino fundamental completou ou ensino médio incompleto.
AINDA CRIANÇAS
Em relação à idade com que se tornaram mães, o principal destaque é o de que a maioria das entrevistadas ainda eram crianças ou adolescentes quando tiveram o (a) primeiro (a) filho (a), pois tinham entre 11 a 17 anos. Ao todo, 59,71% das entrevistadas se tornaram mãe antes dos 17 anos.
AVÓS E AVÔS
O estudo evidenciou quem está responsável pelos cuidados dos (as) filhos (as) dessas pessoas enquanto as mesmas estão encarceradas. Verifica-se que a maioria está sob a tutela das avós/avôs embora não se possa afirmar puramente, considerando a dinâmica nacional.
VIOLÊNCIA DE GÊNERO
A pesquisa destaca que a violência de gênero - que é a violência sofrida pelo simples fato de ser uma mulher – chegou à vida das internas muito antes do encarceramento. Do total de entrevistadas, mães ou não, 30,43% % indicaram ter sofrido violência e/ou abuso sexual ainda na infância e adolescência.
Em continuidade, analisando o ciclo de violência pelo qual passaram as entrevistadas antes da prisão, 51,30% indicaram ter sido vítimas de violência doméstica. Os principais autores indicados foram os ex-companheiros/maridos, seguidos pelo atual companheiro/marido.
O recorte deste texto se concentrou na seara da maternagem. No entanto, o estudo apresenta dados sobre reincidência, violências sofridas enquanto crianças e adultas, dentro e fora da unidade prisional, além de uso de medicamentos contínuos.
Tudo Sobre
defensoria-publica nucleo-de-atendimento-e-defesa-a-mulher mulheres-presas estabelecimento-penal-femininoVeja Também
Com foco no fortalecimento da cidadania e na garantia de direitos fundamentais, teve início na manhã desta segunda-feira (6) a primeira edição do Pop Rua Jud...
A Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul e o Instituto Terra, Trabalho e Cidadania (ITTC) realizaram, no dia 18 de outubro, mutirões de atendimento no Esta...
Na tarde de terça-feira, 21 de novembro, a Polícia Civil, por intermédio da Delegacia de Aral Moreira, prendeu em flagrante um homem de 32 anos de idade, que...
“Extra omnes”. A histórica fórmula em latim que marca o início do fechamento à chave da Capela Sistina será pronunciada pelo mestre das Celebrações Litúrgica...
Últimas Notícias
- 29 de Abril de 2025 Presidente da Câmara Bira sugere implantação de centro de atendimento e apoio a ribeirinhos na cidade
- 29 de Abril de 2025 Por 6 a 4, STF mantém prisão do ex-presidente Fernando Collor
- 29 de Abril de 2025 No coração do Pantanal, Governo de MS facilita acesso ao distrito de Porto Esperança com pontes e nova estrada
- 29 de Abril de 2025 Vereador Jovan pede que vacinação contra gripe seja ampliada e atenda toda população
- 28 de Abril de 2025 Prefeitura de Corumbá empossa mais 34 servidores aprovados em concurso público
- 28 de Abril de 2025 Polícia Civil elucida homicídio em menos de 12 horas e prende autor em flagrante em Corumbá
- 28 de Abril de 2025 Segunda edição do Movimento 72 fortalece a cultura e promove atividades ambientais no Assentamento 72 em Ladário
- 28 de Abril de 2025 VÍDEO: Receita Federal e PRF apreenderam 15.544 pares de Calçados falsificados em Estacionamento no Anel Viário de Corumbá
- 28 de Abril de 2025 Conclave para eleger o novo Papa começa em 7 de maio
- 28 de Abril de 2025 Casos de SRAG: Município define suspensão temporária das aulas nas escolas da REME
- 28 de Abril de 2025 Rodovia Ramão Gomez é liberada pela AGESUL
- 28 de Abril de 2025 Nota de Recomendação: Medidas Preventivas diante do Aumento de Casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave
- 28 de Abril de 2025 Corte da ONU julga Israel por bloqueio de ajuda humanitária em Gaza
- 28 de Abril de 2025 Onça-pintada capturada na região do Touro Morto em Aquidauana continua em recuperação no CRAS em Campo Grande
- 28 de Abril de 2025 Banhista é vítima de ferroada de arraia na prainha do Porto Geral de Corumbá