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Roberto Maciel (Betão)

CANTINHO DO BETÃO - BATE PAPO

Dom, 05 Fevereiro de 2023 | Fonte: Roberto Maciel (Betão)


Iniciando FEVEREIRO e aqui vai o Betão, sempre bom, bonito, cheiroso, gostoso e... mentiroso, rumando para os 76, Graças ao bom DEUS, com saúde, boa imunidade, caçando os botecos da vida pra mode fugir da rotina.
Mas, falando em boteco, vejam só o que encontrei, por indicação do meu amigo REI.

              PARAFUSO’S BAR
Situado aqui na baixa Carlota, este é o verdadeiro e típico boteco e fica bem mais perto de casa que o anterior, que era um bar-conveniência, o LAGOAS.  Iniciei, numa noite em que o tempo permitiu, o primeiro contato de conhecimento, sendo bem recebido pelo proprietário, de alcunha PARAFUSO e sua Mãe, quase oitentona, que logo se aprochegou do carro e ficou papeando com a Consorte, enquanto Parafuso me mostrava o interior: a famosa mesa de sinuquinha, vários tipos de mesas e cadeiras, um balcãozinho de madeira e, num canto, um pequeno palco com um teclado. Lá fora, 03 tambores desses de gasolina, pintados de vermelho, faziam o papel de mesas.

Eu tive informação de que, aos finais de semana rolava uma musiquinha ao vivo e que se servia vários tipos de porções e, pela manhã, aquele almoço com um prato diferente a cada dia. Daí a pouco, Parafuso apareceu com um violão e, dando uma afinadinha rápida, dedilhou uns acordes e disse-me que nos finais de semana apareciam uns amigos que ajudavam na tocata.      

Voltei lá numa quarta-feira e já havia gente sentada nas mesas improvisadas. Cumprimentei a galera e adentrei-me, pedindo uma cerveja e, pegando uma cadeira, fui sentar-me na mesa vaga. Os dois rapazes que ocupavam a mesa vizinha logo me chamaram, convidando-me a sentar com eles. Era a verdadeira hospitalidade de gente simples e trabalhadeira.     

Foi nos botecos da vida que acabei conhecendo vários profissionais da construção civil, dentre os quais, o Ventinha, que faz faxina aqui em casa, duas vezes por mês e o Toninho, meu faz tudo (encanador, pedreiro, carpinteiro, etc).     

Antes das 9, os ocupantes das mesas se retiraram e o Parafuso veio sentar-se comigo para uma prosa. Telefonei para a Consorte, mas não dava linha. Mandei ZAP, mas não obtive resposta. Nesse ínterim, o Parafuso entrou e me chamou. Tirou o teclado e levou para a mesa, começando a tocar e cantar umas sertanejas de raiz enquanto eu esperava resposta da Consorte. Nada. Resolvi enfrentar o caminho de casa de a pé (como se diz em Corumbá), encontrando a Consorte no caminho preocupada com a falha do celular, vinha me campear, mas eu já estava quase chegando. Assim foi meu primeiro contato com o novo boteco onde espero, se assim o tempo permitir, lá retornar para curtir uma musiquinha ao vivo e tirar algumas fotos.
          
      UMA NOITE DE TERROR

O tempo anda cada vez mais maluco. Pela madrugada, uma garoa só para atiçar a preguiça e ficar mais tempo na cama. Lá pelas 11, o sol desponta, elevando a temperatura e, ao cair da tarde, na hora de sair para comprar pão, chuva de meia hora e o sol volta a brilhar. Mais tarde, mais chuva molha minhas plantas, tirando minha distração do dia seguinte.    

Como estou testando meus CDS, já deixo meu aparelho de som na garagem, para evitar de ficar entrando e saindo da casa, onde os cães, ainda em fase de reconciliação, ficam separados. Então, eu me sento na frente da garagem colocando minha cervejinha de antes do jantar num banquinho ao lado. Desta vez era o Juninho que estava comigo e John e Juanita, presos na sala. A Consorte, tomando banho.      

De repente, como se do nada, começou a ventar, trovoar, relampejar, as nuvens negras cobrindo o céu.  Juninho pulou do meu colo e foi para a cozinha; eu peguei minha latinha e fui posicionar-me mais ao fundo para fugir da chuva de vento (como se diz em Corumbá), que estava começando a engrossar e vir garagem adentro. O vento aumentava e, daí a pouco, o banquinho que estava lá na frente, passou por mim como uma bala rastejante, estacionando mais atrás. Outra lufada de vento trouxe o banquinho de volta. Foi então que Juanita , que estava na sala, apareceu na garagem. Levantei-me e fui olhar o ocorrido. Na porta do quarto Juninho sentado, era encarado por John, que não demonstrava nenhuma animosidade.  Chamei-o e ele veio para brincar comigo e quando eu ia levá-lo para a garagem, a Consorte abriu a porta e John se voltou para Juninho. Ela catou Juninho, nervosa e começou a me putear, pois a porta que separa a sala da cozinha, estava fechada. Mandei ela voltar para o quarto com Juninho e eu prendi os dois outros novamente. A única explicação para o fenômeno sobrenatural é que, com a lufada eólica que entrou pela janela da cozinha abriu a porta e os cães saíram, a segunda lufada, vinda da sala, fechara a porta novamente. O banquinho já estava quase no final da garagem e eu, então, tive que me recolher e, assim como veio, o temporal parou e só não abriu sol porque já era tarde da noite.
          
             VISITA DO TONINHO
   Chamamos o Toninho para uns serviços de  urgência, que era consertar a fechadura da porta que separa a sala da cozinha, desmontar a pia do banheiro que já estava ao Deus dará e instalar mais uma tomada dupla na garagem, para ligar o ventilador nos dias quentes de garoa e conectar o aparelho de som.    

 Às 13 horas em ponto, chegou ele, naquela famosa bermudinha justa e camiseta, empunhando sua mochila de apetrechos. Mostramos o que devia ser feito. Ele cafrunchou a fechadura numa tentativa de salvá-la, mas não teve jeito. O remédio foi comprar uma nova e os demais materiais que faltavam. Enquanto desmontava o armarinho todo quebrado sob a pia, começou a chover e tivemos que esperar para sairmos em busca do material que precisava para os reparos.     

Até o final da tarde todo o serviço estava pronto, revisado e aprovado e ele, ainda deu uma ajeitada na porta da cozinha.    

Missão cumprida e sentamos na garagem para um dedo de prosa regado a uma boa pinguinha e depois, ao escurecer, ele partiu todo feliz com um ventilador cuja hélice havia quebrado, um pacote de quiabos e dois cocos, ficando de vir, quando o tempo desse um tempo, para tapar algumas goteirinhas e terminar de ajeitar a porta da cozinha que estava precisando de mais umas pecinhas que ele mesmo iria providenciar.
 

Correio de Corumbá

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