Rosildo Barcellos
ÍNATI RA TIKÓTI ÉNJERUI
Qua, 01 Fevereiro de 2023 | Fonte: Rosildo Barcellos
“O Brasil não foi descoberto não, santo padre. O Brasil foi invadido e tomado dos indígenas. Esta é a verdadeira história de nosso povo, santo padre. Eu deixo aqui o meu apelo, apelo de 20 mil índios que habitam, lutam pela sua sobrevivência, nesse país tão grande e tão pequeno para nós”.

Com essas palavras dirigidas ao sumo pontífice João Paulo II, o mundo conhecia Tupã-Y (Deus pequeno, em guarani), em julho de 1980 na capital do Amazonas. Um verdadeiro líder nascido às vésperas dos festejos natalinos no início da década de 20, na localidade denominada Rincão do Júlio, proximidades de Ponta Porã, no então Mato Grosso. Essa mesma voz que fez tremer o planeta, pela repercussão internacional que teve, foi calada com cinco tiros na noite de 25 de novembro de 1983. Conta a história que dias antes ele havia recusado uma oferta significativa de um fazendeiro para que convencesse os kaiowá a saírem da aldeia de Pirakuá, em Bela Vista, para um local específico proposto pelo governo. Foi um calar momentâneo, porque Marçal de Souza, nos manuscritos de seus discursos deixou muito mais que letras alinhadas. Com ele aprendemos a dar valor na tríade de importância: Palavra, Terra e Teko (jeito de ser indígena).
Marçal de Souza já havia completado 63 anos quando feneceu ao lado de sua esposa, a índia Celina Vilhava, com 27 anos e que estava grávida de nove meses, mas, quando o assunto era lutar pela sua gente tinha a vitalidade de um menino. Aliás, órfão antes de completar dez anos, ele foi educado numa missão presbiteriana, na qual aprendeu muito e residiu com um oficial do exército em Recife/PE – onde teve a oportunidade de continuar estudando. Quando retorna a Ponta Porã, já na década de 40, renova-se com a cultura de sua gente e torna-se guia e intérprete dos antropólogos Egon Shaden e Darcy Ribeiro, trabalhando também na condição de enfermeiro no posto da Funai. Com gestos e palavras eloquentes, Marçal de Souza não foi simplesmente um líder, e sim um símbolo da resistência inteligente e humanitária, procurando ser combativo dentro da legalidade. No dia 7 de fevereiro vindouro comemoramos o Dia Nacional da Luta dos Povos Indígenas. Lei nº 11.696/08. O título “Ínati ra tikóti énjerui” faz em tradução direta na língua indígena Terena: “A madeira que eu levantei é pesada”. Tantos ancestrais nossos, levantaram ideais e bandeiras pesadíssimas. Será que não chegou a hora de ombrearmos na luta por um Brasil melhor, e o fardo ser mais leve para cada um?
Com 11 representantes eleitos nas eleições de 2020, o número de indígenas que inicialmente ocuparam assentos nas câmaras municipais de Mato Grosso do Sul cresceu. Quatro foram eleitos em primeiro mandato: Jayson de Souza Guarani (PT) e Joanir Martins Guarani (PT), em Amambai; Inaye Lopes Kaiowá (PSD), no município de Antônio João; e Marcelo Quevedo Kaiowá (PSDB), de Douradina. Cinco se reelegeram para o segundo mandato, nestas eleições. Dois deles voltaram para a Casa de Leis depois de alguns anos sem ocupar o cargo. Sibele Faustino Terena (PTB), de Miranda, concorreu como vereadora entre 2008 e 2012. Em 2021, voltou a ocupar o cargo no legislativo. A ela agradeço a proposição para ser Cidadão Mirandense em 2023. Em Japorã, Dorival Velasques Guarani (PSD), ficou durante quatro anos da Câmara, entre 2012 e 2016 e voltou em 2021 Sérgio Terena (PT), de Nioaque, Cleber Valiente Guarani (MDB), de Paranhos, e Eber Reginaldo Terena (PSDB), de Dois Irmãos do Buriti. Emendarem o mandato. em Dois Irmãos do Buriti, Eder Alcantara Terena (PDT), e Claudemiro Lescano Guarani (MDB), de Coronel Sapucaia. Queremos apenas um país com oportunidades para todos. Articulista
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