Economia
Campanha alerta para ‘lobby das isenções’ na reforma tributária
A cada setor que conseguir emplacar isenções e benefícios, maior será a alíquota dos tributos que vai incidir sobre todos, inclusive os mais pobres.
Dom, 28 Abril de 2024 | Fonte: Redação RBA

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, entregou nesta semana ao Congresso o primeiro projeto de regulamentação da reforma tributária. Agora o Câmara dos Deputados deve formar grupos de trabalho para relatar o projeto com detalhamento das regras do novo sistema. Depois será a vez do Senado apreciar a proposta.
Durante esse período, grupos organizados farão todo tipo pressão sobre os parlamentares em busca de vantagens tributárias que beneficiem seus próprios interesses. Nesse sentido, a Campanha Tributar os Super-Ricos, alerta: “O lobby das isenções e benefícios a setores privilegiados está a postos”.
A proposta inclui, por exemplo, 15 itens na cesta básica com alíquota zero, como arroz, feijão, farinha, leite, açúcar, manteiga e margarina. Outros itens como carnes bovinas, suína e de peixe, e o sal terão alíquota reduzida em 60%. Enquanto os chamados “itens de luxo” terão alíquota de imposto normal. Há ainda o Imposto Seletivo – conhecido como “imposto do pecado” –, uma sobretaxação aos produtos que causam danos à saúde e/ou ao meio ambiente.
Ao mesmo tempo, a proposta também prevê dinheiro de volta dos tributos pagos pelas famílias de baixa renda. A regulamentação do cashback estabelece que a devolução de tributos beneficiará famílias com renda per capita de até meio salário mínimo e as inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico). O mecanismo, portanto, traz um viés de justiça social, com os mais pobres pagando menos impostos proporcionalmente.
Pressões já começaram
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) afirmou que trabalhará pela aprovação do projeto de lei proposto por ela própria para regulamentar a reforma tributária. A intenção é ampliar a lista de produtos com alíquota zero. Eles querem, por exemplo, a inclusão de carnes, ovos, óleos, gorduras, sucos naturais, castanhas e nozes, molhos preparados e condimentados, biscoito, bolos, chá e mate.
Além disso, os representantes do agronegócio também são contra o cashback. “Reforçamos nossa posição sobre a desoneração da Cesta Básica, sem cashback, para famílias que necessitam de acesso à comida barata e de qualidade, como medida urgente e necessária para combater a inflação de alimentos”, disse a bancada ruralista em nota.
Do mesmo modo, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) também afirmou que irá apresentar, nos próximos dias, uma nova proposta com produtos que considera ideais para compor a cesta.
Em princípio, pode parecer uma reivindicação louvável. No entanto, a ampliação da lista de produtos isentos resultaria em aumento da carga tributária para todos os consumidores. Enquanto os setores do agronegócio e supermercadista pagariam menos. O ataque ao cashback revela que a intenção não é beneficiar os que mais precisam.
Já a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas (Abir), afirma que o setor foi “pego de surpresa” com a inclusão das bebidas açucaradas entre os produtos que terão incidência do futuro “imposto do pecado”. Similarmente, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) também reclamou do Imposto Seletivo, que além dos veículos, também vai atingir mineração e petróleo.
Interesses em jogo
Dessa maneira, as mais de 70 organizações sociais, entidades e sindicatos que compõem a Campanha Tributar os Super-Ricos alertam que “há muitas perguntas e muitos interesses em jogo” no âmbito da regulamentação da reforma tributária. Isso porque a cada setor que conseguir emplacar seus lobbies pela desoneração dos seus negócios, implicará em alíquotas maiores de impostos que recairão sobre todos, incluindo os mais pobres. “É hora de ficar de olho e defender justiça social e fiscal”.
Veja Também
Cesta básica, remédios, combustíveis, serviços de internet em streaming, os produtos são diversos. Com uma longa lista de exceções e de alíquotas especiais, ...
As famílias mais pobres ou inscritas em programas sociais poderão receber de volta 50% da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS, tributo federal) paga nas ...
A regulamentação da reforma tributária sobre o consumo prevê isenção de impostos para 383 medicamentos e vacinas, entre as quais os imunizantes contra a covi...
Últimas Notícias
- 02 de Maio de 2025 Vereador Hesley pede informações sobre a merenda escolar na Rede Municipal de Ensino
- 01 de Maio de 2025 Concurso Soy Loco por ti América no FAS vai selecionar produções de alunos que homenageiam o Forte Coimbra
- 01 de Maio de 2025 EE 2 de Setembro realiza reunião de apresentação do projeto “Estudantes no Controle 2025”
- 01 de Maio de 2025 PM realiza palestra no CAIJ sobre segurança digital e prevenção à violência contra crianças e adolescentes
- 01 de Maio de 2025 Aplicativo do MPT aprimora qualidade das inspeções em unidades prisionais de MS
- 01 de Maio de 2025 Prestação de contas é aprovada por maioria absoluta em AGO da Cassems
- 01 de Maio de 2025 Mato Grosso do Sul fecha primeiro trimestre de 2025 com criação de 12,5 mil empregos formais
- 01 de Maio de 2025 NÃO HÁ O QUE SE COMEMORAR NESTE 1º DE MAIO
- 01 de Maio de 2025 INCLUSÃO SOCIAL E SUSTENTABILIDADE NO AGRO BRASILEIRO
- 01 de Maio de 2025 DONA EVA GRANHA, NA MEMÓRIA E NO CORAÇÃO!
- 01 de Maio de 2025 POESIA MENSAGEIRA
- 01 de Maio de 2025 CARIDADE E A RESPONSABILIDADE DA VIDA
- 01 de Maio de 2025 SORRINDO NO TRABALHO, CHORANDO NO CONTRACHEQUE
- 01 de Maio de 2025 Vereador Marcelo Araújo cobra recuperação do trecho da 262, entre Corumbá e o Buraco das Piranhas
- 30 de Abril de 2025 Novas moradias vão beneficiar 479 famílias da área urbana, rural e comunidades indígenas do Estado