Exportação salta 140% e alavanca geração de empregos na mineração em Corumbá

O setor de mineração voltou a se consolidar como um dos principais motores da economia de Corumbá. No intervalo de um ano, a exportação de produtos minerais pelo município mais que dobrou. O salto de 140% no volume movimentado para o exterior vem alavancando a criação de novos postos de trabalho na região. E a perspectiva para 2024 é de mais crescimento.     

Dados da Semadesc (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) indicam que Corumbá exportou 3,4 milhões de toneladas de produtos minerais no primeiro semestre deste ano. No mesmo período do ano passado, o número não passou de 1,4 milhão.    

“O que alterou esses valores foi o aumento da produção por parte da J&F. Ela está tirando manganês e minério de ferro que estão sendo exportados para América do Sul, para a Europa, para a Ásia”, explica o coordenador de Mineração da Semadesc, Eduardo Pereira.     

A J&F investiu US$ 1,2 bilhão para tirar da Vale a exploração das minas de ferro e manganês. Quando assumiu a operação, em abril do ano passado, o grupo - que já tinha negócios em Mato Grosso do Sul no ramo frigorífico e de papel e celulose - anunciou que esperava dobrar a produção de minério de ferro, passando para aproximadamente 7 milhões de toneladas por ano.    

Ainda segundo Pereira, outras empresas também fizeram novos investimentos e incrementaram a produção, casos da 3A, da MPP e da Vetorial.    

Com o aumento no volume exportado, cresceram também as cifras movimentadas. Conforme relatório da Semadesc, as empresas mineradoras de Corumbá levantaram US$ 156,5 milhões com a exportação de produtos minerais de janeiro a junho deste ano - número 146% maior que os US$ 63,5 milhões de igual período de 2022.    

O retorno aos municípios é sentido via CFEM (Compensação Financeira pela Exploração Mineral). Até junho, Corumbá arrecadou R$ 20,3 milhões, e Ladário, outros R$ 10,8 milhões, segundo dados da Semadesc.   

A legislação prevê que 60% dos recursos arrecadados com a CFEM devem ser revertidos para o município onde ocorre a produção. A prefeitura pode usar a verba de diversas formas - desde pagar dívidas com a União até custear despesas da Educação, como salário de professores, manutenção e desenvolvimento do ensino público.

Melhora na navegabilidade do Rio Paraguai impulsionou exportação
“Nesses anos anteriores nós tivemos dificuldades de navegação em função do período de estiagem e do baixo nível do Rio Paraguai. Este ano a navegação foi um fator importante. A recuperação da navegação fluvial contribuiu com isso”, examina o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Sustentável de Corumbá, Cássio Augusto da Costa Marques. A pasta estima que 70% da produção de minério de ferro e manganês da região é escoada pela hidrovia.    

Monitoramento da Marinha pela régua de Ladário aponta que, no ano passado, o nível do Rio Paraguai só chegou na casa dos 2 metros na segunda quinzena de abril. Este ano, o nível foi atingido já no início de março. Em outubro de 2022, a régua marcava 80 centímetros. Este ano, nesta última semana, o nível passava dos 2,5 metros.

Extração de minério de ferro liderou geração de empregos no 1º semestre
Com a exploração mineral aquecida, a geração de empregos na área também subiu. Não à toa, a extração de minério de ferro em Corumbá abriu 416 vagas de trabalho de janeiro a junho, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). O número superou o saldo gerado por agropecuária, construção, comércio e serviços, setores que, somados, criaram 370 oportunidades no primeiro semestre.   

Para Cássio Augusto da Costa Marques, o incremento na oferta de emprego não é diretamente proporcional ao aumento da produção, “mas implica no aumento significativo de alocação de mão-de-obra”.   

Entre o fim de agosto e o início de setembro,   Funtrab (Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul) e Semadesc fizeram um mutirão em nove agências de emprego do Estado para preencher 130 vagas em empresas de mineração em Corumbá. Os salários chegavam a R$ 5 mil, além de benefícios.  

A abertura de novos postos de trabalho deve continuar em 2024. Em setembro, durante reunião com o governador Eduardo Riedel (PSDB) e com o titular da Semadesc, Jaime Verruck, diretores da MPP Mineração anunciaram uma ampliação de suas operações com ferro e manganês. A previsão é de gerar mais 290 empregos até o ano que vem.   

A J&F não deve ficar atrás. De acordo com o coordenador de Mineração da Semadesc, o grupo já deu entrada em pedido de licença ambiental para aumentar ainda mais a extração mineral na região de Corumbá. O processo corre no Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).