34 ℃

Política

Inclusão de ramal cria ‘cabo de guerra’ e pode atrasar relicitação da Malha Oeste

Novas audiências puxam centro gravitacional das discussões sobre ferrovia para região sul de MS.

Dom, 28 Maio de 2023 | Fonte: Da Redação


Inclusão de ramal cria ‘cabo de guerra’ e pode atrasar relicitação da Malha Oeste
Fotos: Chico Ribeiro

O prazo para contribuições e sugestões ao projeto de relicitação da Malha Oeste terminou no último dia 25 de maio, mas as audiências públicas realizadas parecem não ter sido suficientes. O pleito pela inclusão de um ramal que ligue Campo Grande a Ponta Porã - passando por Maracaju e Dourados - levou à marcação de três novos encontros e arrastou para o sul do Estado o centro gravitacional das discussões sobre o projeto ferroviário.

O apelo por novas audiências públicas partiu do deputado estadual Pedrossian Neto (PSD). Os encontros estão marcados para 31 de maio, em Sidrolândia; 1º de junho, em Maracaju; e 2 de junho, em Ponta Porã.

Apesar de ter relatado que a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) já está a par do pedido pela inclusão do novo ramal, o deputado insiste que a agência reabra as discussões. “Faz mais sentido quem está em Maracaju, que é o centro produtor de soja de Mato Grosso do Sul, ir de caminhão até Mairinque, ao invés de usar a ferrovia?”, questionou Pedrossian Neto, citando a cidade do interior de São Paulo que é a última parada do trecho previsto para ser licitado.

Inclusão de ramal cria ‘cabo de guerra’ e pode atrasar relicitação da Malha Oeste

A iniciativa do deputado reverberou em Corumbá, ponto de partida da Malha Oeste e que vinha protagonizando o debate em torno do projeto. O município, junto com Ladário, é polo de mineração no Estado. Hoje, a produção é escoada via hidrovia e rodovia.

O vereador Manoel Rodrigues (Republicanos), que representou Corumbá nas audiências públicas realizadas pela ANTT, disse que vai pedir a inclusão do município na rota dos novos encontros propostos por Pedrossian Neto.

Para o vereador, o deputado quer “pegar carona” no projeto de relicitação da ferrovia. “Nós, corumbaenses, vamos trabalhar para dar continuidade às audiências que fizemos tanto em Campo Grande como em Brasília”, disse.

“O processo ambiental para fazer [a ferrovia] em outros lugares é muito mais demorado. Como o nosso já está pronto, existe, e só precisa readequar, o avanço é maior”, completa Rodrigues, que teme atrasos caso as conversas sobre o ramal Campo Grande-Ponta Porã se prolonguem. A previsão atual da ANTT é de que a assinatura de um novo contrato de concessão da Malha Oeste saia até o segundo semestre de 2024.

Inclusão de ramal cria ‘cabo de guerra’ e pode atrasar relicitação da Malha Oeste
MAPA DA MALHA OESTE DIVULGADO PELA ANTT

Também presente nas discussões sobre a relicitação do trecho, o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Sustentável de Corumbá, Cássio Augusto da Costa Marques, acredita que a inclusão do ramal deve, sim, ser discutida. Por outro lado, reconhece que essa discussão pode atrasar o projeto.
“A região sul tem um potencial agrícola muito forte. Melhor que se esclareça todas as dúvidas, mesmo que se atrase um pouco, do que fazer a coisa pela metade”, opina.

Projeto prevê requalificar 1,9 mil  quilômetros de ferrovia
A relicitação da Malha Oeste prevê a requalificação dos 1.973 quilômetros da ferrovia que liga Corumbá a Mairinque. Atualmente, o trecho é administrado pela Rumo Logística. Está em vigor o terceiro termo aditivo do contrato, com prazo até 2025.

Passada a fase de audiências públicas, as contribuições são analisadas pela ANTT. Então, o processo de relicitação deve seguir para análise do TCU (Tribunal de Contas da União). Em caso de sinal verde, é publicado o edital, seguido pelo leilão. São previstos mais de R$ 15 bilhões em investimentos na ferrovia.

Correio de Corumbá

SIGA-NOS NO Correio de Corumbá no Google News