Gregório José
O IMPACTO OCULTO DA “JORNADA 4X3”
Sáb, 16 Novembro de 2024 | Fonte: Gregório José
A discussão sobre a jornada de trabalho no Brasil, especialmente o modelo 6x1 (seis dias trabalhados para um de folga), tem gerado críticas e reflexões sobre o impacto desse regime nos trabalhadores e no mercado. A proposta de uma jornada de quatro dias semanais, como testada em alguns países europeus, sugere melhorias na qualidade de vida e na saúde mental dos funcionários. No entanto, essa adaptação apresenta desafios consideráveis em um cenário econômico com forte dependência das micro e pequenas empresas, que empregam a maior parte dos trabalhadores formais no Brasil.
A proposta de implementar uma semana de quatro dias de trabalho, sem um estudo robusto de impacto financeiro, pode colocar em risco a estabilidade das relações trabalhistas e afetar especialmente os pequenos e médios empresários, que representam a maior fatia de empregadores no país. Diferentemente de grandes corporações, que têm recursos para testar novos modelos sem comprometer sua estrutura, os pequenos empreendedores frequentemente operam com margens financeiras mais restritas e têm dificuldades para absorver custos adicionais.
Estudos em países como Islândia e Reino Unido mostram que a produtividade pode se manter ou até melhorar com uma carga horária menor. Porém, aplicar esse modelo no Brasil esbarra em questões estruturais e de custos: enquanto algumas grandes empresas experimentam a jornada de quatro dias, pequenos empresários brasileiros alertam que a redução exigiria a contratação de mais funcionários para manter os níveis de produção. Isso acarretaria altos custos trabalhistas, além do peso dos impostos e encargos sobre a folha de pagamento, dificultando a adaptação de empresas menores a um novo modelo, assim como avaliado por especialistas em revistas como Fórum e Spacemoney.
Parlamentares brasileiros têm buscado uma redução gradual na carga horária, com algumas propostas sugerindo uma semana de trabalho de 36 horas sem perda salarial. A deputada Erika Hilton é uma das defensoras dessa ideia, que conta com apoio crescente nas redes sociais. Ela argumenta que o equilíbrio entre vida pessoal e trabalho poderia trazer benefícios à saúde e à produtividade dos trabalhadores, contribuindo também para uma economia mais equilibrada. Em contrapartida, críticos apontam que a redução de horas poderia gerar informalidade, com empresas buscando alternativas para se adaptar sem arcar com os custos elevados da formalidade. Avalia reportagem da Isto É Independente.
Para implementar uma redução da jornada sem perder produtividade, as empresas precisariam contratar mais trabalhadores para compensar as horas não trabalhadas. Isso elevaria os custos com salários e impostos, além de outros encargos trabalhistas. Sem uma análise cuidadosa, esse aumento de despesas pode levar empresas a adotarem práticas informais para sobreviver ou até mesmo fechar suas portas. Consequentemente, o país poderia observar uma alta na informalidade, um efeito oposto ao desejado pelo regime de formalização e proteção trabalhista
No Brasil, a falta de uma estrutura de apoio e de incentivos para pequenos empresários pode tornar a proposta inviável a curto prazo e ameaçar as relações formais de trabalho, que são essenciais para o desenvolvimento econômico e social do país.
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