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Gregório José

A HORA DA VERDADE FISCAL E O ENGODO NACIONAL

Sáb, 24 Maio de 2025 | Fonte: Gregório José


O Brasil, esse eterno laboratório de experiências liberaloides mal explicadas, assiste, mais uma vez, ao contorcionismo retórico do Ministério da Fazenda, que tenta corrigir um absurdo com um remendo.

Falo aqui da famigerada decisão de manter a isenção do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para os fundos nacionais que investem no exterior. Em bom português: os grandes fundos continuam com o tapete vermelho estendido para enviar capital lá pra fora, enquanto o povo assiste a mais um capítulo da novela “como manter o privilégio com cara de ajuste técnico”.

A medida original — o decreto que derrubava a isenção do IOF — causou furor entre os donos do dinheiro grosso. Foi preciso correr, apagar incêndio, e o Ministério da Fazenda resolveu “resolver”... desfazendo parcialmente o estrago. Mas, convenhamos: não resolve, apenas disfarça.

O Brasil vive um momento em que cada centavo arrecadado poderia ser investido em saúde, educação ou infraestrutura. No entanto, o governo — que deveria se preocupar com a justiça fiscal — prefere manter o mimo aos tubarões do mercado financeiro. Não é só uma questão tributária. É uma escolha de lado.

É preciso dizer com todas as letras: o governo jogou a toalha para o lobby financeiro. Paulo Henrique Amorim, se estivesse aqui, diria com aquele sorriso sarcástico: “alô, alô, Ministério da Fazenda: quem manda é o mercado?”. E completaria com seu bordão certeiro: “Esse é o Brasil-zip, onde os ricos sobem de helicóptero e os pobres descem de escorregador.”

A isenção do IOF para quem remete milhões para fora do país enquanto o trabalhador paga imposto até no arroz com feijão é o retrato de um Brasil invertido — onde se cobra muito de quem tem pouco, e se concede tudo a quem tem demais.

Mais uma vez, a elite financeira ganha. E o povo, como sempre, paga a conta.

Correio de Corumbá

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