Rosildo Barcellos
A TENACIDADE DA MULHER CORUMBAENSE!
Qua, 20 Março de 2024 | Fonte: Rosildo Barcellos
Em comemoração ao Dia da Mulher, pretendo dar uma vertente diferente a um fato histórico. Eram 5 horas da manhã do dia 27 de dezembro de 1864. Baixou a cerração, as sentinelas do forte avistaram os vapores paraguaios a uma légua à jusante daquele ponto. Por ordem do tenente-coronel Hermenegildo Albuquerque Portocarrero, as posições foram ocupadas. Cerca das oito horas e trinta minutos, Portocarrero recebeu a intimação de Vicente Bárrios para render-se, conforme consta da Revista Militar Brasileira, edição dedicada ao Bicentenário do Forte de Coimbra.
Neste momento Portocarrero respondeu, por escrito, que, ”a não ser por ordem superior, só entregaria o forte pela sorte das armas”. Depois disso, a força paraguaia, desembarcando elementos da infantaria e duas baterias de artilharia, na margem esquerda do rio, avançou, coberta pelo mato, tomando posição, no morro da Marinha. Não foram felizes na escolha do local, porque, se estavam fora de alcance das bocas de fogo da Coimbra, suas armas não o atingiam. Cerca das 10h30min, o 1º Tenente Balduíno, comandante da canhoneira Anhambaí, num golpe de audácia, desceu o rio e abriu fogo contra o inimigo que se aproximava.
Por volta das 11 horas, a esquadra paraguaia iniciou o bombardeio. Entretanto, os tiros se tornaram inócuos. A infantaria aproximava-se para o assalto. O forte aguardava a oportunidade para usar as armas. No momento adequado, rompeu a fuzilaria, e a luta prolongou-se até às 19 horas. Os atacantes, repelidos em suas tentativas de assalto retiraram-se e reembarcaram, deixando mortos e feridos, no campo de batalha.
Terminada a jornada, dos 12.000 cartuchos existentes no forte, restavam 2.500. Nessa noite, 27 para 28, contou Portocarrero com o heroísmo de 70 mulheres, homiziadas naquele local, entre as quais sua esposa Dona Ludovina Alves Portocarrero, se prontificaram, espontaneamente, a fabricar cartuchos para o dia seguinte, lançando mão de balas de adarme 17. Com martelos, pedaços de cano e pedras, tornaram o material utilizável ao calibre das carabinas. Dessa forma, produziram mais 6.000 cartuchos. Neste exemplo, vemos desprendimento, e o valor da mulher, que, nos momentos difíceis, não vacila, nem tem dúvidas, no amor que acredita.
Reiniciou-se a luta, dia 28, pelo fogo, na parte da manhã; à tarde, tentativas de assalto de infantaria. Oito paraguaios transpuseram o parapeito do forte: sete foram mortos e um prisioneiro. Os assaltos de infantaria dos 6º e 7º batalhões realizaram-se aos gritos desordenados de “renda-se”, e imprecações, respondidas pelo brasileiros com outras e “vivas”. O inimigo que, em cada carga, chegava ao parapeito, repelido a baioneta, granada, e muitas vezes, tinha as mãos decepadas, ao tentar a escalada. Às 19 horas, os paraguaios retiraram-se para perto de seus navios.
Nessa ocasião, Portocarrero enviou 02 patrulhas para o entorno do forte, uma dirigida pelo Capitão Conrado e outra pelo Tenente Oliveira Mello, para explorarem o terreno vizinho, recolhendo armas e inimigos feridos, (18 feridos e 86 armas). Assim, com este texto gostaria de exaltar a força e o valor da mulher em especial a corumbaense, na pessoa de Ana Ludovina Alves de Oliveira nascida a 08 de novembro de 1828, em Corumbá-MS, e falecida em 07 de outubro de 1912, no Rio de Janeiro. Que casou-se com o pernambucano General Hermenegildo de Albuquerque Portocarrero, o Barão de Coimbra, passando a assinar Ludovina Portocarrero, tendo recebido depois como honraria o título de Baronesa do Forte de Coimbra. Fica a certeza da frase: “Perto de um grande homem, sempre há uma mulher, fazendo curativos em suas feridas, ou simplesmente sendo a mola mestra da sua vida ! *Articulista
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